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sábado, 15 de agosto de 2015

Hoje é dia de casamento

Sério. Casamento de amigo, e eu estou escrevendo este post inspirado pela preguiça que me dá a obrigação de comparecer. Por que as pessoas ainda se casam? Para o leitor comum, esta minha pergunta vai parecer burra e absurda, eu sei. Mas eu me pergunto e pergunto a quem não é comum. Na verdade a gente já sabe a resposta, mas é inevitável ficar pensando sobre o assunto - ainda mais pelo fato da gente não entrar nessa e sentir tanta preguiça ou mesmo vergonha alheia quando somos envolvidos nesses eventos.

Como talvez eu já tenha dito aqui, o casamento foi criado para os nobres, com o intuito de formalizar as linhagens e fazer alianças entre famílias reais. Essa coisa de plebe casando foi uma novidade da era burguêsa. Mas era necessário, tanto para ter garantias legais quanto para ser aceito pela sociedade hipócrita, conservadora e formal que existia. Mas, hoje em dia, em termos legais, não faz muita diferença, e se preocupar ainda com a aceitação da sociedade parece loucura. Ah, e também não é mais necessário casar para transar! A conclusão fácil de se chegar é que hoje em dia as pessoas não se casam mais pelas necessidades mais "concretas" de antigamente, mas sim necessidades tolas, sejam elas modernas ou não.

Dentre tais necessidades, podemos citar algumas, e garanto que há outras que eu não vou lembrar ou talvez nunca tenha percebido: a necessidade básica que o comum tem de passar por "etapas" ou eventos que ele julga obrigatórios na vida de todo mundo, sem os quais ele pode se sentir incompleto, inferiorizado ou pondo sua felicidade em risco. Tolice, é claro! Outra necessidade é dar satisfação da união aos amigos, familiares e conhecidos. Isso é especialmente vital para a mulherada comum, que quer provar que foram capazes de fisgar um marido. Em cima disso, há uma esquizofrenia mais contemporânea no sentido de ter que publicar foto de casamento na midia social - e penso ser este o ponto alto da existência de muita mulher comum por aí. É fundamental se vestir de noiva, tirar foto, etc. Tem também um resquício de romantismo, né? Tem gente que acha que este momento vai lhes oferecer um sentimento intenso e único, a ser lembrado pelo resto da vida. Em alguns casos isso até acontece, mas não é algo que faça falta, ou que mantenha seu valor ao longo das décadas. E o pessoal que já mora junto há anos? O que muda depois do casório?  Ainda se sentem vivendo "em pecado" (social) ou querem apenas aquele gostinho romântico de dizer "sim" no altar, como eles viram tantas vezes nos filmes? Difícil dizer com certeza, quando a gente não é como eles. O que mais poderíamos citar? O direito de usar/ostentar aliança? Pura vaidade? A ilusão de que o relacionamento está mais fortalecido e estado civil mais garantido? Vai saber...

Enfim, "todo mundo" acaba fazendo isso - inclusive os moderninhos, os rebeldes e os que se acham alternativos. E são esses casos que me dão a mais extrema vergonha alheia. Nada tão vexante quanto assistir esses tipinhos desmentindo toda a pose que eles cultivaram durante a vida toda em troca de algo tão simplório - isso porque eles sempre foram simplórios, a gente sabe... mas saber disso não impede a vergonha que eu sinto por eles. Posers ou não, todos gastam aquele dinheirão com a festa e ficam por meses a fio ocupados com planos e preocupações ridículas como os salgadinhos, lista de convidados, musiquinha da igreja, as flores, os enfeitinhos... ai ai ai! E aqueles books de fotos muito bregas pré-cerimônia? E as festinhas forçadas de despedida de solteiro(a)? E a cafonice? Casamentos têm diferentes graus de cafonice, mas todos eles têm obrigatoriamente cafonice, ainda que seja pouca. E os noivos que insistem em parecer "modernos", "originais" ou "irreverentes"? Me dá calafrios, só de imaginar ou lembrar certas coisas que já presenciei. Observar comuns pode ser engraçado, mas também pode ser doloroso, ainda mais quando você é obrigado a observar mais de perto do que gostaria.