Para começar, ao contrário do que mesmo muita gente culta pensa, o maldito maniqueísmo que assola a mentalidade ocidental não foi presente dos judeus. No velho testamento, "Satã" aparece apenas como um ajudante de "Deus" e seu nome é na verdade um título, "o adversário" ou "o acusador". Mas ele não era mal e nem feio. Era apenas um anjo. Neste ponto, os judeus eram como tantos outros povos antigos, e não dividiam o mundo entre o bem e mal personificados. Na verdade, foi o zoroastrismo persa que resolveu simplificar (?) as coisas e personificar o bem e o mal em duas figuras opostas, pela primeira vez! Essa, quando Jerusalém se tornou parte do império persa, foi a primeira fase da evolução do mito rumo ao que é hoje.
Depois, com a queda dos persas perante Alexandre, vieram os deuses gregos, e Satã foi identificado com Hades, o deus do submundo. Mas Hades, embora não muito admirado, também não era mal e nem feio. Mas a imagem dele foi misturada com a de um monstro que Zeus teria vencido e jogado "nos quintos do hades" (o nome do submundo era o mesmo nome do deus). Começou a maquiagem.
Depois, com a advento do Império Romano, Satã foi identificado com Roma e mais especificamente com Nero, e vem dessa fase o 666, que é a contagem das letras do nome "Nero Cesar" (por cálculo que desconheço). Isso porque o império e seu soberano eram extremamente odiados nas terras ocupadas da Judeia e outras, é claro. Foi aí que o diabo passou a ser pior ainda, mas ele ainda não tinha a aparência que conhecemos hoje - adquirida na sua última fase de desenvolvimento, que ocorreu depois que o império romano se cristianizou e fundou a Igreja Católica.
Na era católica, o que aconteceu foi: como depois de alguns séculos de cristianismo os povos europeus ainda insistiam em cultuar deuses pagãos, a igreja teve que torná-los demônios, criaturas do mal, para que parassem de ser cultuados, pois faziam concorrência ao deus e aos santos cristãos. E um dos deuses pagãos mais queridos era Pã, aquele boa-vida que viva tocando flauta e dançando, com pés de cabra, barba e chifrinhos. Ele era uma divindade muito ligada à natureza, ao sexo, à fertilidade, à música e à diversão. E, por ser muito popular, foi o alvo número 1 escolhido pela igreja, e por isso o demônio passou a ter a aparência que ele tinha, só que de um modo aterrorizante e horrendo, ao contrário de Pã, que tinha partes animais, mas era simpático, sensual e não fazia mal a ninguém. As asas foram emprestadas do mito do dragão, outra símbolo do mal para os europeus medievais.
A partir de então, especialmente na idade média, foi que começou essa balela idiota da grande luta do bem (na pessoa de Deus/Jesus) contra o mal (na pessoa do Diabo), que justificou e justifica tantos absurdos no mundo todo. Para destruir alguém bastava acusar a pessoa de ter alguma ligação com o "tinhoso" - como ainda se faz hoje, quando ele também serve como desculpa esfarrapada para quem comete crimes e por fim ajuda as igrejas a tirar dinheiro dos ignorantes e desesperados.
Pronto, para quem não sabia, eis a brevíssima história do demônio, e porque ele foi inventado, re-inventado e porque ele tem a aparência que dizem ter.
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| Coitado, virou um ser maligno... | 
 
 
 
O mais irônico é que hoje, nas celebrações religiosas percebe-se muitos costumes pagãos mesclados, Natal é um deles. A pascoa, o coelho era simbolo da fertilidade pagã e foi incorporado à pascoa cristã por ser comemorada na mesma epoca da colheita dos pagãos.
ResponderExcluirOs mais fanáticos condenam o Catolicismo, alegando que os nomes "Deus", "senhor" e "jesus" são de origem pagã, e por isso seriam adoração aos deuses pagãos! "Pelo Martelo de Thor", vê se pode!
E os bitolados dizem que o certo seria 'falar em hebraico' (ahfe): - deus seria "Yaohuh" e Jesus seria "yaohushua" e por aí vai...
Realmente, nao faz o menor sentido. E mesmo q fizesse, nos por acaso somos judeus?
ResponderExcluirPura falta de sexo!