Não temam, pois não sou o que pareço e nem o que dizem. Toda a verdade em "SOBRE MIM". Este não é um blog de putaria, mas de reflexão, iconoclastia e libertação. É meu portal de comunicação inter-dimensional com vocês, mortais. Mesmo sem pacientes ou interlocutores, me divirto aqui, enquanto escrevo e observo a deliciosa incoerência humana. Podem entrar, deitar no divã, relaxar e até gozar, se souberem como. Bula completa em "Sobre o BLOG". Siga-nos e ganhe uma deslavagem cerebral grátis!

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Pornofobia

Este é um assunto tabu no mundo comum, como quase tudo ligado a sexo. E, além de ser tabu, ele pode destruir a credibilidade de qualquer um que ousar posicionar sua argumentação a favor dele, por mais lúcida e coerente que ela seja, pois estamos lidando com uma unanimidade politicamente correta, daquelas que dita de forma autoritária o que é moral e o que é imoral, com base em clichés e valores muito vagos e abrangentes, facilmente distorcíveis.No fim das contas, se você consome pornografia e fala dela com naturalidade, passa a ser visto como uma pessoa que não é "séria" e não tem bons princípios morais, alguém pelo qual não se deve deixar "influenciar". Mas, como sou um demônio mesmo, não preciso me preocupar com minha reputação, e posso ser apenas racional. Então, vamos lá.
Primeiramente, o que é pornografia? Qualquer produção cultural, geralmente gráfica, mostrando nudez e sexo explícito. No popular, sacanagem, putaria.
Isto posto, nos resta analisar o porquê dos comuns serem quase unânimes em condená-la.
Primeiro, vamos à razão mais automática, óbvia e superficial: o velho moralismo e fobia ao sexo e ao corpo humano que nos foi incutido primeiramente pelo judaismo-cristianismo (embora o Islam e mesmo muitas religiões orientais sigam a mesma fórmula de repressão sexual como forma de aprisionamento mental de seus fiéis). Mas é importante frisar que tal moralismo já se tornou um traço social e não é mais necessariamente atrelado a princípios religiosos. É possível encontrar-se até ateus moralistas e sexualmente reprimidos, embora não sejam muitos.
Razões mais práticas: de acordo com a noção comum (especialmente das mulheres), a pornografia pode ser uma ameaça à estabilidade do casamento, pois elas acreditam que, ao observar outras mulheres fazendo sexo, seus homens podem estar a traí-las, ainda que de forma apenas visual, e também podem passar a desejar outras mulheres e outras atividades sexuais não oferecidas por elas. Reações pornofobicas semelhantes são demonstradas mesmo por mulheres que não se encontram em relacionamento amoroso algum, e neste caso trata-se apenas de efeito da repressão sexual e dos valores culturais anti-sexo que regem a vida comum.
Aprofundando-se um pouco mais na ideologia que serve de base na atitude anti-sexo livre, temos, além dos preceitos religiosos, o machismo (muito aceito, respeitado e bem-vindo pelas mulheres latinas) segundo o qual, mulher “de respeito” não pode ter interesse sexual algum que não seja no marido – e dentro dos limites morais de um relacionamento bem estabelecido, monogâmico e convencional e o chamado “respeito” (que na verdade trata-se de privação e dissimulação) pois a ideia de prazer sexual desvinculado desses valores as colocaria como vulgares, vagabundas, putas, indignas do matrimônio. Já, aos homens, se permite tal luxo. Outro enorme fator ideológico a se considerar é o romantismo, usado no processo de alienação da mentalidade feminina, como modelo de relacionamento e lugar-comum em praticamente toda e qualquer produção cultural contemporânea (canções, livros filmes, novelas, etc). E, segundo o romantismo, sexo só deve ser feito com sentimentos amorosos, deve ser monogâmico, e não uma busca pessoal por prazer.É apenas parte do casamento (ou relacionamento semelhante).
Não fosse tão patético, seria muito divertido ouvir os clichés usados por mulheres de mentalidade proletária contra o hábito masculino de consumir pornografia, aqui ilustrado pelas frases prontas que muitas utilizam: “eu prefiro fazer de verdade” (impossível acreditar – no mais, quem disse que quem faz "de verdade" não pode gostar de ver também?); “isso é para homem que não consegue pegar mulher” (tentativa de machucar o ego masculino); “isso é coisa de tarado” (clara demonstração de uma sexualidade destruída, que gera a concepção generalizada de que desejo sexual sem vínculos sentimentais ou padrões muito restritos é algum tipo de perversão, algo anti-natural, uma doença – sendo que se trata exatamente do contrário).
Além da ideologia popular, inculta e não-examinada, temos também aquela mais articulada e pretensamente educada, influenciada não apenas por valores morais pequeno-burgueses e puritanos, mas também pela facção militante, esquizofrênica e lésbica-militante de algumas feministas do passado e do presente, segundo a qual a pornografia e a simples ideia de sexo feito apenas por prazer vai contra a dignidade feminina, seria desrespeitoso às mulheres e à igualdade pela qual elas tanto lutaram (em alguns países). Tal postura é especialmente encontrada no discurso puritano das assexuadas norte-americanas, notadamente problemáticas no que diz respeito à mistura confusa de liberdade sexual, independência e puritanismo disfarçado de dignidade que dá o tom ideológico de seu ambiente.
Segundo as pessoas que se utilizam deste pseudo-argumento mais sofisticado, há vulgaridade e violência ao se mostrar mulheres servindo, de forma submissa, aos desejos masculinos, imorais, sujos, egoístas e indignos. Mas vale notar que tais pessoas também são contra quaisquer produções pornográficas ou mesmo manifestações sexuais onde não há participação de mulher alguma (filmes gay, por exemplo). Logo, sua bela tese de proteção à frágil dignidade feminina vai por água abaixo. Também não serve a pornografia onde o homem aparece como submisso. Ou seja, o problema é mesmo o sexo sem travas ideológicas e não a tão mencionada "dignidade feminina". Inaugurou-se assim um padrão obrigatório de desejo feminino, que nunca pode coincidir com o desejo masculino, ou é logo taxado de exploração e indignidade. Oras, há mulheres que gostam de assumir posições submissas, assim como também há homens que gostam de se submeter e encontram grande prazer assim. Devemos considerá-los doentes, explorados, indignos ou imorais por isso? Nonsense. Falácia! Falofobia crônica!
Enfim, não digo de modo algum que todos deveriam gostar de pornografia ou mesmo de sexo. Este seria outro posicionamento autoritário, apenas vindo do lado oposto. Mas afirmo que essa reação histérica padrão aqui chama de “pornofobia” é simplesmente uma postura amedrontada, reprimida, hipócrita e ilógica, por parte daqueles que atacam não apenas a pornografia mas toda forma de liberdade e expressão sexual que vá contra os limites e valores pequeno-burgueses. É uma manifestação contra a liberdade de pensamento e de expressão de aspectos da natureza humana. Em suma: é medo de sexo; falta de tesão. Medo não daquele sexo formatado pelos modelos vigentes, útil e necessário à manutenção do modelo burguês de família e sociedade (daquele os moralistas modernos dizem até "gostar"), mas do tipo mais indomado, livre, espontâneo, visceral e redentor, que nos acompanha desde os primórdios e pulsa dentro de nós, indestrutível, apesar de toda forma de repressão já criada e aplicada pela sociedade no intento de sufocá-lo, ainda que o único resultado de tanta repressão e medo tenha sido apenas a criação de mais e mais patologias – as verdadeiras perversões – aquelas secretas e muitas vezes até criminosas, das quais sofre boa parte dos moralistas.

4 comentários:

  1. Muitas mulheres dizem que não curtem pornografia pq precisam de "algo a mais" para sentirem desejo, este "algo a mais" é o tal e patético romantismo (mas claro que se o cara for muiiiiiiiiiiiiito rico pra algumas o tesão chega rápido).
    Muita gente que curte pornografia é vítima de preconceito por parte de milícias morais (a maneira como eu chamo as pessoas pornofobicas)mulheres então a maioria tem (ou diz ter) ojeriza a quem gosta de pornografia e chega a considerar a pessoa como pervertida/ desajustada

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  2. Este é um dos pontos onde a realidade patética dos comuns não oferece nenhuma chance de salvação. Não tem nem como dialogar. Ruminantes sempre vão pastar, e nada além disso. Fica reservada a nós, despertos e não-cretinos, o prazer e a satisfação de mais esse prazer exclusivo. Mais uma vez, pobres coitados...

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  3. o problema não é a questão de consumir ou não consumir pornografia ...pois a pornografia adulta serve para ajudar na relação sexual dos casais, mas se isso fosse proibido entãco teriam que proibir o uso e a venda do viagra...mas também o indivíduo não deve jamais em hipótese alguma consumir pornografia infantil por que isso é algo contra-lei e completamente imoral.

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  4. Bom, nunca considerei pornografia como "terapia de casais".
    Geralmente, casais com sexualidade saudavel e mente aberta nao precisam de terapia e ja consomem pornografia naturalmente, apenas por prazer mesmo.
    Mas, pode servir para isso tb... no mundo comum.

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