Escolhendo pessoas erradas

Num mundo de relacionamentos idealizados sob alta pressão, onde o fracasso é quase certo, muita gente atribui o desastre às tais "pessoas erradas". Por que as escolhemos? Mas esta afirmação é leviana e deseducada, e a questão é muitíssimo complexa. Algumas considerações: não existe pessoa "certa" ou "errada"; existe pessoa que é apropriada na maior parte do tempo e pessoa que não é, mas os graus de adequação, níveis de satisfação e momentos variam muito. Não é nada absoluto! Outra coisa a se manter em mente: a ideia absurda ("burguesa"?) de se buscar a felicidade tentando encontrar "tudo" em uma pessoa só, que nem precisa ser comentada.

Mas vamos tentar ser mais práticos. Afinal, precisamos nos relacionar. Como escolher? Bom, isso vai das prioridades de cada um (que são inclusive mutáveis), e eu não posso dizer o que se deve buscar nas pessoas. Entretanto, podemos imaginar o que se pode esperar quando se prioriza cada caracerística. Isso pode ser óbvio para alguns mas, com certeza, não é para muitos. Vamos lá:

- Beleza/Sedução. A "maior" de todas, e é muito importante sim, ou já não teria causado sozinha tanto desastre ao longo da história da humanidade. Beleza (alguma) é fundamental. Já, muita beleza é um luxo, mas um luxo muito buscado e esperado por muita gente. E quem investe nisso pode contar com o tipo de sucesso que a sociedade atual prioriza, que é o sucesso aparente. Para quem é medíocre, pode ser o suficiente! Mas tem um problema: a satisfação vai durar pouco, porque o tempo destrói a beleza, e ficar trocando de "amor" beldade é só para os muito ricos. Por fim, uma coisa muito séria que precisa ser dita sobre a beleza: como o mundo hoje é visualmente erotizado, tem gente que acha que vai ser muito feliz na cama com uma pessoa linda. ENORME engano! Fora raras exceções, é o contrário. Prepare-se! Eu poderia falar dos motivos, mas isso precisa de um post a parte.

- Dinheiro/Poder. Pode ser a solução, especialmente para quem tem beleza! Mas desde que a pessoa seja forte, pragmática e não fique carente de outras coisas depois. Explicando: se você adquire um cônjuge rico, na nossa cultura monogâmica, você não pode ficar depois carentinho emocional e nem sexualmente, se apaixonando por aí, e nem de chororô, ou seu "benfeitor" te põe na rua. Ah, e mantenha-se bonito(a) o maior tempo possível, enquanto faz um pé de meia bem grande ou vira gente.

Intelectualidade/Inteligência: costuma ser a melhor opção, mas também tem sérios problemas. A princípio, pessoas inteligentes são as mais aptas a serem felizes, pois se entendem e entendem muitas outras coisas. Isso é tudo que a gente precisa! Mas aí entra a questão da nossa mediocridade contemporânea, onde o conceito de inteligência é deturpado e medido através de fatores errôneos (títulos acadêmicos, sucesso profissional, ou até mesmo simples pose intelectual). Daí, no fim das contas, acabamos conhecendo muito gente "jumenta" que se acha e é considerada inteligente sem ser! Sem falar que, mesmo sendo inteligentes, podem ser jumentos afetivos. Aí a coisa dói! E cai tudo por terra. Inteligência mesmo muito pouca gente conhece, TEM que vir acompanhada de honestidade, humor e sensibilidade, e eu também não vou explicar aqui porque precisa de um post a parte.

- Submissão/Conformidade/Carência/Romantismo. Tem muita gente que vai por esse caminho porque funciona! Pelo menos para quem tem necessidade de poder ou é narcisista. Mas é patológico, né? E realmente pode gerar desastres, mesmo aparentando segurança e conforto - ainda mais quando há carência de uma ou ambas as partes. Nem vou me prolongar, porque isso todo mundo já conhece de perto.

Enfim, é mais ou menos isso. De forma bem "tosca", mas é por aí. Claro que não tem solução para ninguém aqui. Foi só masturbação mental mesmo, para não passar este mês em branco hehehe...