"O Pequeno Principe", famoso livro de
Saint-Exupéry, não é apenas o mais lido (ainda que apenas de mentirinha)
e não-compreendido pelas candidatas a "miss", mas por
muita gente - especialmente o pessoal "das antigas". E ele traz alguns
símbolos e ideias bem interessantes e representativos. Hoje vamos falar
da Rosa.
De
acordo com a opinião geral, ela representa o amor universal (dentre
outras coisas relacionadas). Outros são mais biográficos e enxergam no
relacionamento do Príncipe com ela uma narrativa do relacionamento do
escritor com sua esposa, Consuelo. Mas uma análise não se contrapõe à outra -
muito pelo contrário, elas se complementam. Pois bem. Dizer que a Rosa
representa algum conceito abstrato, paradigma ou paradoxo humano não
ofende ninguém. Dizer que ela foi inspirada na esposa de Exupéry também
não - acho que não. Mas, dizer que ela representa as mulheres, com
certeza, vai ofender muita gente, ainda mais na era PC. Isso por ela ser
tão vaidosa e superficial, basicamente falando. E por ser uma flor! Tal
afirmação seria taxada de "sexismo". E, realmente, a generalização não
seria justa.
Mas
vocês não precisam se preocupar, pois eu não vou dizer isso. Vou ser
mais "correto" e dizer que ela representa algumas mulheres (ainda que
muitas) e uma determinada situação feminina (ainda que a mais comum e
constante). E como é a Rosa? Além de vaidosa e superficial, ela não sabe
muita coisa, é mediocre, comum, mas se julga especial, única. É
imatura, sem noção da realidade, e se dedica a seduzir, apaixonar,
"cativar". Precisa de atenção e dedicação. Em troca, oferece apenas sua beleza e sua "chatice".
Lembrando que, quando digo "apenas" beleza, não desmereço tal qualidade,
mas ela é menos relevante do que nos parece enquanto somos seduzidos por
ela. Beleza e chatice. Soa familiar? Extremamente. E, se escrevo isso
agora, é porque já conheci várias Rosas e, especialmente, porque a moça
que trabalha ao meu lado no momento é uma delas. Não pára de fazer charmes e dizer bobagens, e me inspirou o post.
E
o que mais sobre a Rosa? Já sabemos que ela é bela, sedutora - apesar
de "vazia", mas é cativante, doce, e pode se impor por tais armas, chegando a
ter um poder altamente destrutivo, embora o livro não mostre este
lado da coisa. Tudo verdade. E, falando em armas, me lembrei do espinho,
que ela considera tão letal. E isso vale uma análise. Primeiro, a
natureza do espinho: a sedução, a beleza e o poder que isso pode trazer,
desde que tais vantagens sejam usadas de forma maquiavélica, o que não é
dificil para a grande maioria das belas, escoladas desde a infância na arte da manipulação. E podemos incluir aí também o sexo que, quando usado como arma, perde sua eficácia enquanto elixir do prazer e da felicidade. Péssimo negócio! Segundo, a letalidade do
espinho: ele realmente pode ser letal, mas o lado irônico do fato é que,
embora ele possa ferir ou mesmo destruir aqueles que o tocam, ele não
protege a Rosa de forma alguma - nem dela mesma. Muito pelo contrario, ele apenas dá a
ela a ilusão de segurança e uma ideia errada sobre seu poder, o que a leva a se arriscar no jogo de
poker que é a sua vida - um jogo cheio de aparencias, blefes, dissimulações, e um prêmio incerto, mesmo com o que ela considera "vitória".
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