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domingo, 6 de abril de 2014

A fila anda

Tal expressão define de forma jocosa um fato da nossa cultura que é a monogamia serial, ou a troca de parceiros de acordo com a conveniência mas, desde que a pessoa tenha apenas um parceiro por vez. Até aí, tudo bem - se os relacionamentos fossem honestos. Mas sabemos que não são. E tal desonestidade, embora envolva a todos, cabe mais à mulher administrar e definir - e esta é a razão de tal expressão ter um caráter e uso quase exclusivamente femininos.

E qual é a desonestidade à qual me refiro? Bom, isso é básico, mas para quem é novato, lá vai: sabemos que as mulheres "precisam" encontrar o melhor macho possível para formarem família e procriar (há aqui um misto de darwinismo e valores culturais). Mas, diferentemente do que vemos na biologia, "melhor" aqui não significa mais forte e nem viril. Significa provedor, aquele cara que tem recursos e que é estável e "manso", bom para marido, que as mulheres precisam para alcançar seus objetivos  biológicos e sociais. A beleza, alguma "pureza" e o sexo entram como atrativo e compensação para tais machos passarem a ser animais de coleira e de carga. Eis o "negócio", que soa meio brutal, não? Para isso a sociedade inventou o romantismo, onde se esconde tal transação sob o lindo véu da invenção que batizaram de "amor" (em seu sentido moderno, pós-idade média).

E onde entra a expressão nisso tudo? É simples, embora os comuns não enxerguem: "a fila anda" demonstra o ânimo e a regra segundo a qual a mulher vai sempre abandonar um pretendente por outro que demonstre ser mais apropriado ao papel de marido, e não que ela o faça por desejo ou curiosidade sexual, mas sim pelo próximo se demonstrar mais bem dotado (de recursos), atencioso, interessado, comprometido ou desesperado do que o último, o que faz dele um animal mais útil e  manipulável ao seus interesses.

E o que mais? Por fim, a profunda e gritante hipocrisia que se vê na contradição entre o ideal romântico e a realidade dos relacionamentos. Pelo que se diz ou imagina do romantismo, quando uma pessoa chega a manifestar amor por outra, isso significaria algo maior e mais profundo - passível de ser eterno. Mas, dentro de poucas semanas ou mesmo dias, toda essa enormidade sentimental se transfere para um macho mais interessante? Como assim?! Chega a ser chocante! E é notável a forma fácil e confortável como elas fazem tais transições. Às vezes chega a parecer que elas ainda estão com o mesmo cara, que apenas fez uma plástica facial, para mudar de rosto, na semana passada! É como trocar de sapato.

Daí alguém pode perguntar: mas os homens não fazem o mesmo? Pode parecer que sim, mas não. Homens também, facilmente trocam de parceiras e gostam disso, que é algo até saudável para eles. Mas estão conscientes de tais transações, e quase não as disfarçam (disfarçam apenas o suficiente para não deixar as moças sem jeito e nem forçá-las a ir transacionar em outro lugar). Não choca ver um homem trocando de "amor eterno" de uma semana para outra, porque nos fica claro que ele não finge tanto; ele está no mercado, consciente, quase honestamente, e por isso mesmo ostenta seu carrão, dinheiro e todo tipo de "bala na agulha" que ele possa ter. Já, para as mulheres, que se agarram ao subterfúgio do romantismo, trocar de "amor" tão rápido e facilmente, e ainda por cima usar uma expressão tão "fria" quanto esta, apenas denuncia uma enorme farsa, mas que todos preferem ignorar. E eis uma grande doença da nossa era: tal comércio, antes dela, era honesto e natural, pois não havia a farsa do romantismo. Apenas agora se tornou opressivo, desonesto e hipócrita; e cada vez mais, quanto mais a fila anda.

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