A burguesia é muito esperta. Assim que tomou o poder e impôs seu modo de produção e valores, ela o fez tendo em mente um grande inimigo: o sexo, que é libertador em todos os sentidos, pois quem o pratica teme, acredita e inclusive produz menos (o que é bom, ao contrário do que diz a doutrina fordista usada para nos imbecilizar), pois coloca boa parte de sua energia em algo mais útil, natural, prazeroso e compensador em sua dimensão humana e existencial do que se matar de trabalhar para comprar porcarias inúteis e manter falsa aparência de sucesso.
Com as mulheres foi fácil, pois o patriarcalismo cristão já havia feito 90% do serviço; bastava um pouco mais de moralismo laico, romantismo proletário, futilidades e consumismo para distraí-las e preencher o buraco deixado nelas pela falta de libido. Depois de criar nelas a ilusão de emancipação, bastou ensinar a elas que sexo por prazer, sem romantismo, "compromisso" ou a busca de um provedor é vergonhoso, "vadiagem", "não se dar valor", "exploração masculina" e que ser assexuada é ter dignidade (chamaram isso de "feminismo" e as fizeram sentir inteligentes ao praticar e pregar tal idiotice). Moleza!
Mas, e os homens? Aí a coisa fica mais difícil, pois eles estavam acostumados a fazer sexo de forma irrestrita - dentro daquilo que seu poder permitia e, mesmo os mais desprovidos, tinham pelo menos liberdade para tal - ainda que não tivessem poder. No caso masculino, a castração teria quer ser muito mais complexa e pesada, depois de milênios de "fornicação". Vamos então à receita:
Pegue um homem já meio castrado pela criação familiar. Ensine a ele que ele precisa estudar e trabalhar bastante para ficar rico (ou nem tanto), constituir família e assim ter o respeito da sociedade e poder. Crie nele a ilusão de que "ter mulher" significa "fazer sexo" (uma das maiores mentiras já contadas) e que ele vai ser feliz se casando (e sendo provedor) de uma flor da classe média. Obrigue-o a ser "fiel", inclusive por lei, para que se proteja a unidade familiar, mesmo estando ele faminto por sexo (coisa que a esposa não gosta, não sabe e não quer fazer). Crie mecanismos que evitem que ele sacie sua libido fora de casa ou por outros meios, reprimindo a prostituição e estigmatizando qualquer possível alívio à opressão sexual, como a pornografia e até mesmo a masturbação (taxando-as de mau gosto imoral ou perversões abusivas à dignidade feminina ou mesmo humana). Pronto. Um escravo do sistema devidamente castrado e pronto a trabalhar em nome da família, dos valores hipócritas da sociedade e para o bem do capital, até se esgotar, vivendo uma vida sem sentido, prazer ou plenitude.
Possíveis acidentes: traumas, esquizofrenia, impotência, babaquice, adultério (sexo convertido em crime), perversões (verdadeiras, patológicas), pedofilia, alcoolismo, violência, angústia, frustração, etc, etc, etc. Mas, tudo bem. Desde que cada um se escravize por um tempo e deixe em seu lugar os filhos, ou escravos de reposição, devidamente doutrinados e castrados para uma vida besta e servil. Bem planejado e executado, não?
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