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sexta-feira, 20 de maio de 2011

O amor puro

Hoje me deparei com uma das quimeras do universo encantado das comuns, que é o chamado "amor puro", ou "pureza do amor". Um desses conceitos que aparecem muito em filmes românticos, poemas piegas e até alguns desabafos emocionais.

Como sempre é bem primário e não precisamos nem defini-lo. Mas podemos explicar sua inexistência.
Começando por uma possibilidade mais realista e ampla, de amor incondicional, alguns defensores dessa ilusão citam como exemplo o amor materno. É uma exemplo bonito e cheio de ternura. Mas mesmo assim não se sustenta completamente, pois nele há de se considerar o instinto materno e muitas obrigações culturais no sentido de se amar os filhos, demonstrar tal amor e etc. Ou seja, pureza total fica mesmo só no ideal. Talvez ainda alguns usem este exemplo por não haver indícios visíveis de atitude sexual entre mães e filhos, mas mesmo isso Freud já explicou, e muito bem, inclusive aplicando suas teses em psicoterapia com sucesso.

Agora vamos à parte mais interessante: o conceito de amor puro entre homem e mulher, no contexto romântico. Este é hilário! Chego a ter pena de dissecá-lo mas não resisto.
Pois bem, este seria o ideal mais elevado do romantismo, justamente aquele amor mais idealizado, perfeito e independente de qualquer outro fator (especialmente os "impuros" como o tesão, sexo e a sacanagem). Mas ele faz questão de ignorar o fato de que todo relacionamento ou aproximação entre indivíduos passíveis de se tornar parceiros começa com pura atração sexual. Ou alguém conhece alguém que já se apaixonou por um mendigo feio, sujo, fedorento e desdentado que dormia na calçada? Este sim seria o tal "amor puro". Mas acho que nunca aconteceu - não que eu saiba.
Assim sendo, qualquer amor já nasce "contaminado" (dentro da ideologia comum, é claro). E, com o desenvolvimento de relacionamentos comuns, onde existe tanta manipulação, possessividade, monogamia obrigatória, simulação e obediência a padrões e modelos ideológicos, daí ele se degenera de vez, por mais bonitinho e perfeito que pareça para alguém (incauto ou simplório) que está olhando de fora e desejando a mesma coisa.

Enfim, apesar de tudo isso, amor existe sim e é bacana. O que estraga são modelos, idealizações e obrigações. Amor tem que ser livre (de verdade) e sem essa obrigação de ser puro, pois nós não somos, e a pureza nunca pode surgir da impureza (ainda falando dentro da ideologia comum).
Já, fora dessa ideologia ridícula, ninguém e nenhum amor é realmente "impuro", pois tudo que chamamos de "puro" ou "impuro" são manifestações da nossa natureza humana, contra as quais é inútil lutar. Os conceitos de impureza, de pecado, traição e etc são enganosas e só foram criadas para nos dominar, culpar e fazer sofrer. Por isso, meu amor é puro, e é sacana.
Aos que ainda não entenderam onde está a pureza, ela está na liberdade, na espontaneidade, na natureza, no tesão e na honestidade. Bem lá, onde ninguém é romântico e nem monogâmico e não tem vergonha e nem necessidade de disfarçar isso.

Um comentário:

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