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domingo, 6 de março de 2011

O discurso ascético

Sabemos que o romantismo tem raízes cristãs, e é interessante notar como, mesmo num discurso laico sobre as virtudes da monogamia, geralmente aflora um aspecto muito claro: o ascetismo. Só que de forma inconsciente e desarticulada.
Comuns em geral não conhecem o termo ou seu significado e muito menos podem vislumbrar toda a problemática moral da qual são vítimas, pois a maioria é gente ignorante e sem nenhum conteúdo filosófico.
E o discurso é o seguinte: pessoas "fortes" e "responsáveis" não saem por aí colocando em risco a santidade, a estabilidade e a seriedade de um relacionamento monogâmico e dos "valores familiares", "desrespeitando" o parceiro ao liberar e explorar seus desejos, pois têm "virtude", possuem "fibra moral". A aventura, a sensualidade e a busca do auto-conhecimento através do prazer e da liberdade seriam apenas "fraqueza de caráter" destinada aos corruptos, imorais, egoístas e imaturos.
Muito bonito, ainda mais nas palavras bacanas que eu utilizei (e espero que nenhum comum as recorte e cole fora de contexto). Mas, se pensarmos bem, é totalmente hipócrita, como tudo no mundo comum. Senão, vejamos: além deles traírem o próprio discurso muitas vezes, se limitar e se manter na zona de conforto não demonstra coragem ou fibra alguma. É muito mais destemido quem procura o desconhecido, o novo, quem experimenta, aprende e se expõe. Que tipo de coragem ou força alguém precisa para conviver exclusivamente com a mesma pessoa a vida inteira, tendo companhia garantida, ainda que às vezes insatisfatória? Que risco corre quem fica em casa? Aqui confunde-se a ideia de sacrifício e privação (ascética e sempre ligada à religião seja conscientemente ou não) com a de coragem, força, ética, etc. Outro ponto muito hipócrita é a questão do "egoísmo", pois os comuns geralmente se limitam em nome da própria segurança, estabilidade e imagem, e não pelo bem do cônjuge ou da família. São egoístas disfarçados. Entretanto, ficam posando de altruístas e heróis da moral!
Quanta confusão mental e malandragem intelectual! Mas nem para todos. Aqueles que a criaram sabiam muito bem o que estavam fazendo - eram e são gente educada. Já os coitados que seguem e proselitizam tal doutrina são meros ruminantes, apenas se furtando ao conhecimento e manipulados pelos donos da moral e servos do poder, enquanto imaginam fazer a "coisa certa", se contentando com um falso sentimento de segurança e dignidade, e uma vida vivida sem liberdade.

O amor cortês - primórdios do romantismo, inspirado pela religião

2 comentários:

  1. É fundamental viver uma vida sem repressões nem auto condenação, falo disso porque não sou cristã e tenho uma cultura livre ( não libertinagem, é liberdade), sou luciferiana de cultura familiar.
    Mas viver uma vida experimental não dá. Não dá pra se dividir demais com qualquer um.

    Boa postagem, afinal. A carapuça asmodaica sempre serve no falso moralismo.

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  2. Essa parte do "não dá p/ se dividir demais c/ qq um" é interessante.
    Parece q nos sentimos obrigados a isso, o q se torna algo opressor, e por parte de nós mesmos.

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