A figura abaixo representa um dos paradigmas mais complexos envolvendo sexualidade e civilização.
Por uma lado, todas as pessoas demonstram choque e reprovação frente a nudez, por motivos culturais, que são ditados por princípios religiosos e morais que se estabeleceram inclusive na lei. E todos, mesmo os poucos que não se incomodam realmente com a nudez, geralmente expressam reprovação no âmbito público.
Já, por outro lado, no âmbito mais privado, há uma enorme discrepância, que é aquela que dá margem a reflexão: homens encaram a nudez muito melhor do que mulheres. E começar a elencar motivos não é missão nem um pouco difícil. Sabemos que o patriarcalismo, que fez das mulheres mercadorias cujo valor tradicionalmente se garante apenas com a virgindade e o recato, aliado à religião as fez "nudofóbicas" assim como as fez também sexualmente reprimidas. Todos estes sendo mecanismo de contenção da sexualidade - especialmente feminina - para o bom funcionamento da sociedade patriarcal.
Muito estranhamente, mesmo em sociedades igualitárias e conscientes disso tudo, onde o feminismo já esclareceu e reagiu contra tal situação, a fobia continua inabalada. As mulheres não se sentem mais obrigadas a serem pudicas e virgens, mas elas ainda demonstram pavor ao corpo humano. Isso porque o sexo ainda é , inconscientemente, um tabu, por ainda envolver aspectos que foram duramente reprimidos durante milênios e apenas recentemente foram liberados. Mas não totalmente e nem em todos os lugares.
Mas, voltando aos casos de civilizações industrializadas, igualitárias e liberais, em sua fase pós-feminismo, gera estranheza observar o comportamento feminino: não mais puritano e nem reprimido no que se pode observar da aparência e da atitude das mulheres, que demonstram total liberdade sexual e inclusive falam abertamente sobre sexo. Mas o pavor ao corpo alheio ainda persiste. Os modos de lidar com tal repulsa são bem enganosos: associar nudez à degradação moral, a perversão e muitas vezes ao mau gosto, como se o corpo humano fosse essencialmente feio e devêssemos, por bom senso, evitar sua visão.
Sabemos que tal paradigma está intimamente ligado ao modo não-natural pelo qual as pessoas encaram e praticam o sexo, envolvendo ideais românticos que tentam transcender seu aspecto físico (como se fosse indigno e animalesco) e transformá-lo em algo mais sentimental, dentro do sistema de valores burgueses, onde a nudez e físico (e o sexo propriamente dito e sem subterfúgios ideológicos e culturais) se tornam coisas repugnantes.
Este ponto é realmente dos mais complexos e confusos da psiquê humana já há muito tempo, e se torna muito estranho numa análise isenta e atual, levando-se em consideração o grau de conhecimento e liberdade individual de muitas sociedades contemporâneas. E, embora frustrante, não deixa de ser engraçado ver a reação amedrontada - especialmente de mulheres comuns - à nudez e suas manifestações simplórias no sentido de justificar tal repulsa, com argumentos contraditórios, vazios e tolos como, por exemplo, estética e elegância.
Não temam, pois não sou o que pareço e nem o que dizem. Toda a verdade em "SOBRE MIM". Este não é um blog de putaria, mas de reflexão, iconoclastia e libertação. É meu portal de comunicação inter-dimensional com vocês, mortais. Mesmo sem pacientes ou interlocutores, me divirto aqui, enquanto escrevo e observo a deliciosa incoerência humana. Podem entrar, deitar no divã, relaxar e até gozar, se souberem como. Bula completa em "Sobre o BLOG". Siga-nos e ganhe uma deslavagem cerebral grátis!
domingo, 15 de maio de 2011
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